E durante alguns anos ela aceitou aquilo que ele lhe dava e chamava de carinho. Uma ternura brusca, a mesma que ela quando criança dispensava às bonecas novas, que em pouco tempo restavam com cabelos ressequidos e mutiladas em braços e pernas.
Talvez ela o entendesse e só por isso aceitasse aquela ideia tão distorcida de dar e receber afeto, reconhecendo-se um pouco naquela natureza tão sombria e estranha.
Eles viveram juntos nessa relação doentia, que ora os iludia com doces promessas, ora os assustava com perigosas ameaças. Eles tinham medo. Eles tinha medo de si mesmos.
Um dia resolveram romper, mas até hoje vivem dessa ternura brusca um pelo outro, essa ternura bruta que destrói por excesso inábil de amor.
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