domingo, 25 de maio de 2008

O DESMAME

Aleitamento materno sempre fui fã e, como todo mundo sabe, como todo mundo viu, sempre fiz apologia absoluta à amamentação exclusiva.
Pois bem, quando o Gui nasceu eu consegui seguir a linha amiga do peito durante o seu primeiro ano de vida, dando-lhe somente leite do peito até os 6 meses e depois disso ficou como sobremesa, água e chupetinha...até que vieram os primeiros dentinhos (é, ele teve a erupção dos dentinhos bem tardia) e com eles muitas mordidas, então resolvi tirar. Zero trauma pra mim e pra ele. Com a Gigi foi a mesma coisa, só que até os 9 meses quando ela resoluta decidiu que não queria mais saber de peito.
Lulu faz 5 meses na segunda-feira e desde os 4 meses vem sendo desmamada aos pouquinhos. E nesse processo de desmame muitas críticas e olhares de desaprovação eu recebi quando Lulu tomou suas mamadeiras em público, causando em mim um sentimento de culpa infinito.
Hj, fanatismo ao aleitamento à parte, penso que mais que amiga do peito, preciso de bem-estar físico e emocional para conseguir cuidar da minha filha. Descanso, tranquilidade necessários para o aleitamento exclusivo foi tudo que definitivamente não tive durante todo esse período. Houve sim muita vontade de fazê-lo, muita doação, simpatias, chás de erva-doce, tintura de algodoeiro e sucção da Lulu o tempo todo para que o aleitamento se mantesse. Mas não teve jeito, ESTRESSE E CANSAÇO SECAM O PEITO!!! Nos primeiro 3 meses eu consegui,como eu já disse, às custas de muito esforço manter o meu leite, mas depois o peito não enchia de uma mamada pra outra, Luisa estava sempre esfomeada e irritada, não dormia nada e eu vivia literalmente com ela pendurada ao peito.
Parti então para o complemento, no intuito de manter a sucção da Lulu para produzir leite, permitindo um intervalo de pelo menos 2h de uma mamada pra outra, possibilitando um descanso pra mim e pra ela e um pouco de atenção pro resto da casa: Gui, Gigi e marido.
Aconteceu o que fatalmente acontece com essa história de complemento, a mamadeira é fácil e o bebê se acostuma a se fartar rápido, o que antes era feito em 40 ou 50 minutos passa a ser feito em 15 minutos e o peito é preterido pela mamadeira. Passei então a guardar o peito pra noite e ela, procurando mais aconchego do que saciar sua fome, pegava o peito e dormia, acordando 1h depois com fome. Resultado: Peito+Estresse+Cansaço-Sucção= ESCASSEZ DE LEITE.
Daí vem um monte de gente falar, como eu tb falaria como amiga do peito: Que horror, desmamar um bebezinho antes dos 6 meses e tal e blá, blá, blá...toda aquela lenga-lenga de quem só julga sem conhecer a conjuntura da mãe que está amamentando. Então eu respondo aqui pros olhares de tsc, tsc que recebo: Luisa não vai deixar de ser presidente do Brasil por não ter sido amamentada exclusivamente até os 6 meses. Amamentação só deve ser exclusiva se houver produção satisfatória de leite, caso contrário é burrice e sofrimento para mãe e filho. Amamentar um é fácil, ter mais dois pra cuidar complica. Meu vínculo com ela está além do bico do meu seio, está na voz, no tato, nos cuidados que recebe e nos carinhos e afagos que trocamos. Ela bebeu todo colostro que podia e está imunizada daquilo que eu estou imune. Ela continua linda, sapeca e saudável, esperta e encantadora se desenvolvendo super bem com suas mamadeiras, papinhas de frutas e estréia agora mais o evento sopinha.
Sofrer é claro que eu sofri, resolvi parar definitivamente há dois dias e, para minha surpresa a danada já nem tchuns pro meu peito. A gente sente falta da facilidade e praticidade que é ter o leite pronto ali no peito a qualquer hora, mas isso quando não se tem mais leite te frustra bastante também. Então, acho que cabe o bom senso, tem que saber suas limitações, tem que conhecer o seu bebê e seguir o coração. Pra mim não deu mais, se estivesse em outro contexto talvez daria, talvez insistiria...Mas acho que fiz a minha parte como pude, ela mamou meu leite durante 4 meses e, muitas vezes se fartou dele e trocamos nesse período experiências que só eu e ela sabemos e guardaremos sempre.
Eu posso dizer que depois da experiência com a Lulu mudei meu pragmatismo em relação a amamentação. Tem que observar o perfil individualizado da mãe que amamenta e do bebê que mama, um não pode querer mais do que o outro tem para oferecer.