domingo, 4 de março de 2012

Ennio Morricone - Cinema Paradiso (In Concerto - Venezia 10.11.07)



E eu que já tive uma casa em Veneza, perto da ponte Rialto. Perder-se em Veneza é fácil demais, anda-se para um lado, anda-se para o outro e volta-se para o mesmo lugar. O único perigo em suas ruelas e becos escuros é deixar-se um pouco por lá e nunca mais poder voltar pra buscar.

Às vezes você nem sabe que algo mudou. Acha que você é você, e sua vida ainda é sua vida, mas você acorda um dia e olha ao seu redor e não reconhece mais nada.. n a d a mesmo!

quinta-feira, 1 de março de 2012

La Paz não é lá...La Paz é aqui.....



Atordaada pelo soroche (mal estar causado pela altitude que não poupa ninguém) minha chegada na capital boliviana foi cena de filme pra Felinni filmar. Tragicômico! Presenciei o trânsito mais caótico que esses olhos já viram. Buzinaço infernal, lá se buzina pra tudo que se mova e pra tudo que não se mova também.
Encontrei com o restante do grupo e estavam todos igualmente atordoados como eu. Alívio, eu não estava sozinha! Menos náufraga. Era gente de todos os lugares. Dentistas. Todos do bem. Fomos tomar uma paceña!

Tive o prazer de conhecer um povo diferente, experimentar o chá de coca para me garantir a sobrevivência na altitude, afinal "la hoja de coca no es droga". Aprendi o poder das linhas fronteiriças que separam e às vezes rivalizam o povo latino-americano, que tem tanto em comum. Aprendi a regatear...e viva el regateo! Aprendi tanto sobre odontologia latino-americana! Pratiquei e exercitei. Aprendi que culturas diferentes podem impor barreiras intransponíveis a qualquer forma de comunicaçao e que precisamos quebrar essas barreiras, às vezes, de forma simples, se abrindo com um sorriso amigo. Pratiquei também o desapego do orgulho e deixei as lágrimas escorrerem para estranhos. Estudei tanto sobre o amor que se transforma em aversão num dia e saudade cortante no outro. Desejei tanto compartilhar, mas precisei silenciar. Aprendi que o sofrimento maduro é como estar em elevada altitude, falta o ar, é o mais pesado de todos.
Hoje, na chegada, eu estou aqui a me questionar quantas vezes o cérebro da gente é capaz de nos sabotar por dia e quantas vezes somos capazes de nos defender. É um mistério. O meu criou defesas incríveis que deixaria o mestre Freud impressionado. Defesa da minha própria dignidade. Defesa do meu amor próprio.
E eu que fui buscar La Paz na Bolivia, descobri que ela está dentro de mim o tempo todo, eu preciso mesmo é exercitá-la todos os dias. Como o projeto que eu fui defender. Como a minha vida. Life goes on.